O Hospital de Santa Maria celebrou, no passado dia 8 de dezembro, o seu 69ºaniversário.
De acordo com a tradição, realizou-se uma homenagem aos colaboradores falecidos, com a plantação de uma árvore, seguida da Missa de Ação de Graças, na capela do HSM.
Na Aula Magna, procedeu-se à entrega da medalha aos 98 colaboradores que celebraram 25 anos ao serviço da Instituição, seguido de um almoço convívio no refeitório.
Divulgamos o discurso emotivo, da Prof.ª Ana Paula Martins, Presidente do Conselho de Administração do CHULN, na sessão comemorativa.
“Sejam bem-vindos ao Hospital de Santa Maria, o vosso Hospital, uma referência há quase 70 anos na prestação de cuidados de saúde aos portugueses. No dia da Imaculada Conceição (que já foi em tempos o Dia da Mãe, a mãe de todas as mães), sempre aqui se reúnem diversas gerações de trabalhadores, antigos dirigentes e amigos de Santa Maria. Os que estão e os que estiveram. Os que passaram por aqui e os que ainda virão.
Este é o momento mais emotivo na vida do hospital, em que se homenageiam aqueles que representam a alma mais profunda de Santa Maria, os que dedicaram grande parte, quando não toda uma carreira, a esta casa.
Este ano são 98 os profissionais que assinalam 25 anos de ligação a Santa Maria, o maior número dos últimos cinco anos. Representantes das mais variadas profissões que compõem uma cidade dentro da cidade, por onde passam todos os dias 15 a 20 mil pessoas de aquém e além-mar. Profissionais que verdadeiramente fizeram deste o seu projeto de vida. Pessoas que dedicaram a sua vida, o seu querer, força e determinação, alegrias e sofrimentos a estas paredes, entregando-lhe a alma, a que chamamos a Alma de Santa Maria. E a história de Santa Maria é a História de cada um de vós, de cada um de nós, porque Santa Maria devolve-nos a sensação tão humana de propósito. E é esse propósito de fortalece e reforça a nossa missão: Salvar e Cuidar. E apoiar no fim.
Neste espaço onde aprendemos e ensinamos, investigamos e descobrimos como tratar o que muitas vezes parece impossível, sonhamos com uma medicina de excelência, profissionais de saúde felizes e doentes que confiam em nós. Fomos sempre um Hospital de Confiança. É isso que precisamos continuar a ser. Mas a terminar um ano que foi longo e difícil para todos nós, um ano em que ainda estamos a encontrar o caminho de regresso ao que afirmamos ser, recordamos todos os dias quando aqui entramos que sendo um hospital de traço austero, é um espaço de alegria e concretizações. Em 1939, Hermann Distel, o arquiteto alemão responsável pelo desenho do Hospital de Santa Maria, concretizava uma ideia de construir um grande Hospital Escolar em Lisboa, que demoraria mais de uma década a ser construído e foi, por fim inaugurado, em 27 de Abril de 1953, começando sua atividade assistencial em 1954. Havia um projeto, havia um plano, havia uma ambição. E os que na altura e pensaram sabiam que seriam necessário tempo para consolidar esta diferenciação este rumo.
Em 2023 iniciámos um processo de reorganização das nossas áreas de Governação Clínica, estimulámos a nossa orientação para a investigação, iniciámos um processo de requalificação tecnológica, lançando as bases para um plano de investimento que, sendo muito exíguo face às necessidades, permite ter algumas melhorias significativas na otimização de espaços, equipas, produção assistencial, tempo no acesso e qualidade nos cuidados que prestamos. Olhámos com atenção para a nossa urgência, para a forma de comunicar melhor. Estabelecemos parcerias, voltámos a abrir as portas à nossa comunidade.
Contámos com todos, sem exceção, nesta caminhada. E eis que terminamos o ano, com a firme convicção que o que foi feito fica muito longe do que precisamos de fazer. Não nos faltou a vontade, o apoio, a determinação. Não nos faltou a orientação estratégica, a ambição de reiniciar um ciclo económico-financeiro e assistencial virtuoso no CHULN. Onde as pessoas estavam primeiro. Um projeto de pessoas feito para as pessoas. Com alegria e a determinação pelo bem comum. Com o carinho e a atenção que os nossos profissionais nos merecem.
Em 2024 projetámos obras marcantes para o futuro, como a nova maternidade Luís Mendes da Graça, projetos inovadores como o a radioterapia flash ou a aposta na cirurgia robótica, e a criação de bolsas de investigação internas que vão premiar o que de melhor se faz no hospital em várias áreas. E para encerrar um ano especial, em que completamos 70 anos de existência, teremos uma grande comemoração na Altice Arena, uma demonstração da importância social de Santa Maria, com as verbas desse evento a reverterem para um projeto estruturante a ser escolhido pelos próprios profissionais. E o entusiasmo era enorme, apesar dos desafios permanentes e diários. E por isso agradecemos aos que confiaram em nós e nos ensinaram o que não sabíamos aqui chegados. E que acreditaram na nossa energia e determinação. E também aos que não se reviram nas decisões que tivemos de tomar. A todos dedicamos a nossa gratidão.
Mas rapidamente percebemos que o tempo se extinguia e que os 3 anos de projeto para o qual fomos desafiados, convocados e estimulados teria uma outra configuração. De facto, 2024 será também um ano que ficará marcado indelevelmente nessa história, data em que o Hospital de Santa Maria celebra 70 anos e enfrenta um novo e enorme desafio: depois de em 2007 ter passado a integrar o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, no próximo ano dará o nome à ULS Santa Maria, uma nova forma de organização com os Cuidados de Saúde Primários onde nos juntamos ao ACES Lisboa Norte e ao Centro de Saúde de Mafra.
Os Centros Académicos Clínicos, envolvendo Hospitais, Faculdades e institutos de investigação, são o fulcro da investigação a milhares de estudantes de Medicina e internos. A concretização da Regulamentação dos Centros Académicos Clínicos, ainda por fazer, era efetivamente a grande mudança que poderíamos ambicionar. Porque os CAC estão capacitados para a inserção nas redes europeias de referência de doenças raras e complexas e para o reconhecimento internacional de várias áreas especificas como Centros de Excelência de diferenciação clínica e científica, que já hoje perigam por falta de financiamento dedicado e obrigam a mais tempo de dedicação dos profissionais de saúde por cada doente tratado. A par com esta atividade diferenciada, os CAC assumem enormes responsabilidades no ensino pré e pós-graduado, em atividades realizadas a par com muitas outras atividades indiferenciadas que já hoje causam desgaste e desmotivação nos profissionais. Por isso o caminho seria certamente o da articulação com os Cuidados de Saúde Primários, com projetos inovadores, que aproximassem a medicina hospitalar da medicina na comunidade, através de uma valorização crescente da prevenção e de uma projeção do diagnóstico e tratamento para fora do ambiente das enfermarias, reservando os hospitais para situações agudas e complexas. E devo dizer que este diálogo com os CSP, com a Câmara Municipal de Mafra (concretamente) tem sido uma oportunidade de relançar a ideia de colaboração e articulação, fundamental em todas as políticas.
O modelo que agora se inicia, pelos riscos e oportunidades que comporta, precisa por isso de quem acredite nele, de quem lhe empreste força, vontade, capacidade de juntar duas culturas diferentes na mesma gestão, mantendo a vocação que há 70 anos enquanto País, quisemos projetar. Acreditamos que deve haver transformação, progresso e evolução. Mas na saúde, ecossistema complexo, o risco da simplificação pode destruir uma obra de décadas e uma visão para o futuro. E por isso, o desafio que se coloca, antes de mais, é o de saber se acreditamos apesar das projeções (à priori) menos animadoras. É o de avaliar se somos capazes de concretizar um sonho que não partilhámos, cujos dados antecipam uma degradação dos resultados económico-financeiros que coloca em causa a uma gestão proativa e eficiente e a capacidade de investimento para os próximos anos. Uma espécie de otimismo, mas esclarecido, que nos afaste do modelo de “correr atrás do prejuízo” sistemático.
Por isso, estar hoje aqui, ao fim de quase um ano de muito trabalho, numa época que é de reencontro, renascimento e união, convoca-nos a refletir sobre o nosso caminho com Santa Maria. A cada um cabe a pergunta: o que posso fazer pelo meu Hospital, pelo SNS, pelo meu país? Cada um saberá assumir convictamente e em consciência o seu compromisso. E acredito que é no respeito pela diversidade de modelos e ambições que se reforça uma democracia que, a perfazer 50 anos de história, nos recorda que os privilégios da educação de que somos fruto (investimento de muitas gerações antes de nós que nos deram o que não tiveram) têm de ser acompanhados de responsabilidades. E é nessa liberdade e responsabilidade maior que a força se manifesta, o entusiasmo contagia, o impossível se torna provável.
Santa Maria saberá encontrar o caminho, e ser encontrada hoje e sempre. Nada lhe faltará. Porque é maior do que cada um de nós.
Porque quem passa em Santa Maria deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. E onde quer que esteja, volta sempre a este lugar, a estas paredes que encerram dramas e alegrias, milagres existenciais e uma energia contagiante.
Parabéns a todos os que contruíram e constroem todos os dias este Hospital. Para mim será inesquecível. É uma honra servir Portugal em Santa Maria”.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |